04:00
São quatro da manhã e estou lá fora, a fumar um cigarro enquanto olho para o céu. As estrelas parecem mais brilhantes a esta hora, espalhadas como pequenos segredos no escuro. O mundo está quieto, mas a minha cabeça não.
Penso demais. Sempre pensei. Cada tragada é uma pausa entre pensamentos que não param de girar, como se estivessem presos num carrossel sem fim. Pergunto-me se as estrelas têm todas um destino, se estão onde deveriam estar ou se, tal como eu, estão apenas a flutuar, sem direção certa.
A noite tem esse efeito em mim. Tudo parece mais profundo, mais intenso, como se o silêncio amplificasse o peso das coisas. As preocupações, as dúvidas, os medos. Às vezes gostava de ser como uma estrela, distante e intocável, apenas a brilhar sem que nada me pudesse atingir.
Dou a última tragada e deito fora o cigarro. O fumo dissipa-se no ar, como se nunca tivesse existido. Talvez os meus pensamentos deviam ser assim também, leves e passageiros. Mas sei que quando entrar e me deitar, eles vão continuar comigo. Como as estrelas no céu, sempre lá, a observar-me em silêncio.
Tori Spring.
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