Amor em tempos de ilusões

 Dizem que o amor é o maior dos sentimentos,

mas será que ele é mesmo? Ou só mais um enfeite brilhante
que colocamos no vazio para nos sentirmos completos?

Querem-nos vender histórias de almas gêmeas,
de finais felizes e mãos dadas ao pôr do sol,
mas esquecem de dizer que a paixão pode ser prisão,
que promessas eternas, às vezes, são correntes.

Romance virou moeda de troca,
algo para postar e conquistar likes,
ou um palco onde atuamos para fugir
de quem somos quando a cortina fecha.

Amar não é sobre preencher o que falta,
mas o mundo nos ensina que estar só, é um fracasso,
então nos atiramos uns nos outros, cegos e apressados,
tentando fazer do outro uma casa,
sem sequer saber onde ficam as portas de nós mesmos.

E se a ideia de amor for uma invenção,
um teatro montado para esquecer
que a vida é, na verdade, solidão?

Talvez o romance seja a maior farsa da humanidade,
um conto de fadas que perpetuamos,
porque é mais fácil acreditar no "nós"
do que encarar o vazio do "eu".

Mas, ainda assim, no meio de toda essa crítica,
algo em mim — ou talvez em nós —
quer insistir que o amor, apesar de tudo,
pode ser um ato de resistência.

Tori Spring

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